Chico Mazzoni

Começando com desenhos muito puros, quase displicentes, fez-se uma primeira mostra, quase de improviso (Chico Mazzoni – desenhos). Vai-se então para a trama das imagens absolutas (Imaginália), desprovidas de textos e bulas, puramente desenhadas. Entra-se, em seguida na trama da cor (Arte-de-cor). Arte feita só de cor como faria um Matisse ou um Cézanne? Muito impactante, mas chapada, cristalizada, carente da ação. Mergulha-se então no drama que os olhos podem capturar. A cena pela ótica, a cinética, a semiótica: Cena&Ótica. Personagens deliberadamente em marcação cênica, em pintura absoluta, mas o show tem que continuar…a pureza do desenho começou a faltar. Logo viaja-se para o ZEN (deZENho), o essencial, o uno e nele só o desenho nos redime e nos ressignifica. Dois anos de beligerâncias entre as duas formações de Chico (artista e arquiteto) resultaram em diásporas e dicotomias expostas em Par ou Ímpar, mostra das coisas e seus duplos ou seus opostos que fecha o ciclo construtivo, até o surgimento da luz no fim do túnel, literalmente. Deriva na mostra “Por esta luz q me alumia”, de exclusiva pintura sobre tela, técnica que enfatiza o pouso insuspeitado da luz sobre variadas figuras. A trama da luz perdura até a exposição seguinte “Estação da Luz”, mas aí a pintura, aplicada agora com maior rigor, adquire solenidades para compor uma tecitura de entidades iluminadas. Essa tendência ao icônico, ao hierático, conduz ao arquetípico: os mitos. Faz-se a exposição “Milênios no ar” um passeio sobre os mitos concretos (e abstratos como o olhar). A figura ganha olhos, cérebro, pensamento e um discurso. Já que é assim, inaugura-se, finalmente, o período dos projetos de arte, nesta trajetória. O artista permite-se agora instrumentalizar este cabedal para resolver as questões primordiais de sua persona e propõe a Brasiliana – uma mostra exclusivamente temática, que marca seus 20 anos de arte. É a arte a serviço de um projeto subjetivo, sem nenhum pudor e com resultados de síntese importantes. Cansado das profundidades das duas mostras anteriores, ele vem à superfície e encontra, nas rasuras, motivos para, mais uma vez, fazer a arte emergir: é a trama do pop que domina agora a expressão de um mundo globalizado (POP-UP). Consolida-se a fase da tinta acrílica dimensional, com seu relevo e suas tonalidades cintilantes, que vai, gradativamente, aposentando os pincéis: o desenho rápido saído do bico da bisnaga que se solidifica em baixos relevos contrapostos a fundos chapados. Novos dilemas, novas encruzilhadas, novas esfinges: “decifra-me ou devoro-te”. E a necessidade de costurar ambivalências, dicotomias, diásporas, para resolver mais uma questão: artista/arquiteto, artista, arquiteto. Inquieto. Outro projeto, outro tema: as Cidades Invisíveis. Afinal onde falta/sobra arte na minha arquitetura e onde falta/sobra arquitetura na minha arte? A mostra vem para responder o dilema do artista. As cidades mostram a ele todos os vieses, arquitetônicos, urbanísticos, estéticos, psicológicos e críticos.

TRAMAS SINCERAS constitui-se numa reflexão importante sobre as mostras realizadas nestes primeiros 30 anos. Nela Chico não se contenta em revisitar-se e muito menos se subtrai a seus temas ou seus assuntos de interesse, suas técnicas, sua linguagem, mas depura tudo isto numa trama nova.

RETRATOS DO MUNDO FLUTUANTE apresenta agora as paisagens imaginárias e quase completamente abstratas do artista, instigando o observador a procurar fios que o conduzam a uma nova dimensão, às vezes desconcertante, mas sempre inédita revelando-lhe o indizível, função do artista.

RETRATO FALADO realiza um velho projeto de pintar modelos reais e “vestí-los” como personagens notáveis da história, comemorando 40 anos de carreira. Sem preocupações com a verossimilhança e sim com uma atmosfera, um desejo dos retratados. Espécie de realismo fantástico, cada modelo foi retratado como se fosse o seu próprio álter ego.
EXCELSOS EXCESSOS – Reciclagem do Barroco esta série se inspira no estilo barroco, com seus excelsos excessos, a serviço de sua missão religiosa, que também se estende às demais zonas laicas da cultura. Trata-se, porém, de um conjunto contemporâneo, incluindo novas técnicas de expressão plástica que incorporam, inclusive, a reciclagem de materiais descartáveis. A exposição integra peças do acervo do Museu da Misericórdia, selecionadas como contraponto às pinturas do artista.


Solo Exhibitions

  • 1983 CHICO MAZZONI - DESENHOS - Aliança Francesa, SSA, Ba / Galeria do CCCP, Itabuna, Ba
  • 1984 IMAGINÁLIA - Hotel Meridien, SSA/Ba
  • 1985 ARTE-DE-COR - Forma, SSA/Ba
  • 1987 CENA & ÓTICA - Forma, SSA/Ba
  • 1988 DeZENho - Museu de Arte da Bahia, SSA/Ba -
  • FOTOGRAMA - 18 do Paschoal, SSA/Ba
  • 1990 PAR OU ÍMPAR - Inst. Goethe / ICBA, SSA/Ba,
  • 1992 CHICO MAZZONI - C. Cult. África, Vera Cruz/ Ba
  • 1995 Por esta luz que me alumia - Diagrama, SSA/ Ba
  • 1997 ESTAÇÃO DA LUZ –Museu de Arte Sacra, SSA/ Ba
  • 2000 MILÊNIOS NO AR - Bahia Design Center, SSA/ Ba
  • 2003 BRASILIANA - EBEC Galeria de Arte, SSA/ Ba
  • 2006 POP-UP - EBEC Galeria de Arte, SSA/ Ba
  • 2008 VINTE E CINCO– Art Factory-Consul da Hol.,SSA/Ba
  • 2010 CIDADES INVISÍVEIS– C. C. Correios, SSA/Bahia,
  • 2014 TRAMAS SINCERAS - Palacete das Artes, SSA, Ba
  • 2017 RETRATOS DO MUNDO FLUTUANTE - MAM, SSA/ Ba
  • 2021 EXCELSOS EXCESSOS - Exposição virtual
  • 2023 RETRATO FALADO - Museu Náutico da Ba - SSA/Ba
  • 2025 EXCELSOS EXCESSOS - Museu da Misericórdia BA

Principais exposições coletivas

  • 1979 2ª BIENN. D’ARTE SANTA CHIARA – Nápoles, ITÁLIA.
  • 1980 TEMPO – Casa dello Studente, Firenze, ITÁLIA.
  • 1984 DA ARTE DOS JOGOS- Pirandello, São Paulo, SP - IV Salão. Bra. de Arte-Fund. Mokiti Okada, SP/SP
  • 1987 Grafik aus BRASILIEN–Kleine Gallery,Viena, ÁUSTRIA.
  • 1999 100 artistas plásticos – M. de Arte Sacra–SSA/ BA,
  • 2001 Mestres da arte baiana – Mus. Náutico – SSA/ Ba, Pinturas em gesto de paz – C. C. Caixa – SSA/ Ba,
  • 2003 HOMENAGEM A CARYBÉ – EBEC Gal. SSA/ Bahia,
  • 2004 MATILDE – homenagem - EBEC Gal. – SSA/Ba
  • 2006 Bel Borba e Chico Mazzoni– Banho Design, SA/Ba
  • 2011 EXPOSIÇÃO SANT’ANA – MAB, Salvador/Ba
  • 2012 Águas, reflexos na arte baiana–EBEC Gal.– SA/Ba
  • 2013 50 anos de arte na Bahia – C.C. Caixa, SSA/Ba
  • 2017 EXpoart Brasil UK – Espacio Gallery – London / UK
  • 2018 SEGUNDO TEMPO – Palacete das Artes, SSA/Ba
  • 2022 Um recorte da produção diversa e contemporânea na Bahia, Palacete das Artes/Ba
  • 2023 2 DE JULHO - Galeria Cañizares, EBA, SSA/BA
  • 2023 ARTES VISUAIS – Academia de Letras da Bahia. (Exposição virtual)

Projetos especiais

  • MESTRES DA ARTE BAIANA – TV BAHIA & BANEB – Clip de TV de 25 artistas, Set 2000/ Jan 2001, Bahia, BRASIL.
  • Capa do livro HISTÓRIAS DE PINDORAMA de Silvio Benevides, Editora Fib, 2003/ Bahia, BRASIL.
  • Ilustrações para o BANCO CAPITAL – Convite a dois artistas: Chico Mazzoni e Gil Mário. Ilustração p/ talão, cartões e camisetas 2006/ Bahia, BRASIL.
  • Festejos dos 250 ANOS DA IGREJA-MATRIZ DA PARÓQUIA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO DE SANT’ANA composto de
  • Exposição no Museu de Arte da Bahia, com curadoria da Prova do Artista e lançamento do livro
  • “Sant’Ana em Tempo e Memória”, de Socorro Martinez, com publicação das obras dos artistas, 2011/ Bahia, BRASIL.
  • Projeto MACACOS DECORADOS, promovido pela MAC ART - Arte Pela Vida, julho 2013/ Bahia, BRASIL.
  • Projeto CATTPARADE, promovido pela Gatto Empreendimentos Ltda, julho 2013/ Bahia, BRASIL.
  • Projeto CAMINHOS DA FÉ – Totens sobre Irmã Dulce e a Festa do Bonfim, coord. Juarez Paraiso, dez 2020/ Bahia, BRASIL.

Reportagens e citações

  • “CARAS, CLIMAS E VOLUMES” - Reportagem de Eduardo Logullo- Revista INTERVIW AD, No. 111 1988 -, São Paulo, BRASIL.
  • “Bahia, minha preta” - Citação e foto em reportagem de Eduardo Logullo, Revista TRAVEL IN, 1994, São Paulo, BRASIL.
  • “100 Artistas Plásticos da Bahia” - Página de com texto e foto publicado pela Galeria Prova do Artista, 1999 /Bahia, BRASIL.
  • “Arte em dois tempos-CHICO MAZZONI & BEL BORBA” - Report. de Matilde Matos - Jornal Soterópolis -2000/Ba, BRASIL.
  • “Chico Mazzoni: Contemporary Figuration” SOUTHWARD ART- Latin American Review, 2002/Buenos Aires, Argentina
  • “50 Anos de Arte na Bahia” -Livro de Matilde Matos - Salvador/Bahia 2010
  • “ÁGUAS - REFLEXOS NA ARTE DA BAHIA” - Matilde Matos Caramurê Publicação - Salvador/Ba, 2012
  • “Quando o método se alia à fantasia” - Coluna Olhares - Jornal A TARDE - Salvador/Ba, 2024